segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Artevismo na Praça

Liberdade de expressão toma conta da Praça


Na tarde do último domingo, 06 de fevereiro, a Comunidade Cultural Quilombaque promoveu o evento “Artevismo na Praça”, em conjunto com vários coletivos artístico-culturais de Perus e região. O grande intuito do evento era o de protestar contra a demolição do coreto, da Praça Inácio Dias, derrubado na última terça-feira, pela prefeitura de São Paulo.

O evento começou ao som do samba dos próprios moradores do coreto. “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com saudades não sei dizer” cantavam tristes, Diná e Roberval, lembrando os poucos dias que usaram o coreto como refúgio, depois de perderem praticamente tudo nas enchentes que ocorreram em Atibaia, no mês de janeiro.

“A enchente levou tudo que eu tinha. TV, geladeira, celular, documento. E o que a enchente não levou, em Atibaia, a Prefeitura levou aqui. Porque eles têm onde dormir, o que comer e onde morar”, disse Diná, contestando a derrubada do coreto.

O artista plástico, Normam Alvim Silveira, mesmo sendo morador de Caieiras, município ao lado, também veio com seu tambor se juntar ao movimento. “A gente vê o espaço público sendo lentamente passado para o privado. Retira-se primeiro o espetáculo, depois o próprio espaço físico, até não sobrar mais memória”, comentou.

O Grupo de Teatro Pandora, de Perus, marcou presença no evento com uma mostra do novo processo do grupo, “Flor de Concreto”, que trabalha a linguagem do clown, o que agradou em muito o público, principalmente as crianças. “Por que não sorri? Se sorrir,vão supor que és feliz”, era uma das frases da peça.

Logo depois, uma grande roda de capoeira se abriu. “Meu berimbal vou tocando pra você”, cantavam. Assim que acabou a capoeira, teve início o Sarau, com os integrantes do Sarau na Brasa e Sarau Elo da Corrente. “Quem disse que na periferia não tem poesia”, foi uma das frases que abriu espaço para tantas outras.

Com o samba enredo “A Valença diz no pé”, a Escola de Samba Valença Perus animou ainda mais a grande festa da praça, com sua bateria afinada e seus passos ritmados.

Enquanto eram arrumadas as caixas de som para o CineQuilombo, a Trupe Liuds mais uma vez encantou com sua apresentação de pirofagia. Priscila Braun, uma das integrantes, mostrou toda sua habilidade em fazer o fogo virar arte, tornando um elemento natural em espetáculo.

Logo após, várias pessoas sentaram nos bancos, muretas ou mesmo pelo chão da praça, para assistirem atentos aos curtas metragens, produzidos pelos próprios moradores do bairro. O evento terminou por volta das 22h, depois de mais de seis horas de evento.

Agradecimentos: Grupo de Teatro Girândola, Jornal Comunitário Ôxe, Projeto Espremedor, Sarau Elo da Corrente, Sarau Poesia na Brasa, Grupo Pandora, Trupe Liuds, Esquadrão Arte e Capoeira, Escola de Samba Valença, Phone Raps, Saci, Cia Risos, Cia do Acaso, Teatro de Cordel, Movimento de saúde popular de Perus.

Por Jéssica Moreira

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