sexta-feira, 22 de julho de 2011

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE PERUS E REGIÃO


Que bom quando temos para carregar na memória boas e afetuosas lembranças.

A Quilombaque é uma destas.

Neste momento, quando falo Comunidade Cultural Quilombaque certamente, na mente de cada um, vem à tona uma boa e prazerosa sensação, lembranças felizes, seja de uma festa, de uma apresentação, de algumas pessoas, de um evento no qual atuou, trabalhou, nos cortejos por um monte de lugares, mesmo das brigas e rusgas. A impagável sensação de ser cidadão liberto atuando para transformar as condições sociais nas periferias.

Quanta gente, quantas coisas, quantas mudanças.

Um lugar e uma ideia que proporciona esta sensação e possibilidade as pessoas.

E continua conquistando cada um que por lá passa.

Sejam os moradores da rua, os adolescentes, punks, roqueiros, “verdinhos”, coletivos e outras iniciativas, sejam os professores, educadores, políticos, gestores públicos.

Hoje uma organização respeitada dentro e fora do bairro, lugar de crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos.

E cada um de nós, pouquinho, pouco ou muito, contribuímos para isso.

Esta é apenas uma descrição do que é, do que se tornou e do que ainda pode se tornar a Quilombaque.

Eis a questão e a razão para levar um papo curto e reto.

O projeto do Parque Linear, em exposição na Estação de Perus, desde a semana passada,

SIMPLESMENTE VARRE DO MAPA A SEDE DA COMUNIDADE!

A propriedade onde funciona a sede é alugada. O proprietário receberá (justa ou não) indenização pela propriedade.

A Comunidade e todo este imenso patrimônio histórico, político e cultural, duramente construído por tantas mentes e mãos vira pó.

Além desse violento desrespeito aos cidadãos ativos, ofende toda e qualquer mínima forma de inteligência, pois, em todos os últimos 5 anos, além de nenhum investimento, o orçamento da Subprefeitura foi zero para a Cultura.

As ações ambientais resumiram-se a superfaturadas reformas de praças e diversas tentativas de trazer para cá mais um Lixão.

Enquanto isso a Quilombaque, nos últimos 5 anos, através de parceiras, projetos e recursos trouxe mais de 1 milhão de reais, milhares de atividades artísticas e culturais, envolvendo mais de 50 mil pessoas.

Transformou a sede em um Centro de Referência em Educação Ambiental, implantando diversas tecnologias, oficinas de permacultura para alunos e professores da rede pública.

Se é assim, porque então destruir tudo isso para implantar um parque linear?

Esclarecemos que não somos contra o Parque Linear.

Tanto que participamos e apoiamos toda a fase inicial de elaboração do projeto. Depois fomos desconvidados.

Mas um parque linear não é para proteger e preservar a natureza e promover um desenvolvimento sustentável?

Entre o poder púbico e um organismo da sociedade civil que é a Quilombaque, quem, inteligente e coerentemente promove a proteção e defesa do meio ambiente e um desenvolvimento social sustentável?

Em nome da digna e honrada cidadania representada na história da Comunidade Cultural Quilombaque e suas atividades;

Em nome da inovação, criatividade, inteligência e coerência na construção de uma sociedade em desenvolvimento sustentável, representada na integração da Comunidade no projeto do Parque Linear,

DECLARAMOS QUE DAQUI NÃO SAIREMOS.

FICA QUILOMBAQUE!

Comunidade Cultural Quilombaque – 5 anos quebrando correntes e plantando sementes.

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